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Sociedade

Feira do Livro Prisional incentiva leitura entre detentos da Modulada

Divulgação/Pmeu - Detentos da PMEU acompanham a 5ª edição da Feira do Livro do Sistema Prisional.

A força da literatura voltou a ultrapassar as barreiras físicas e simbólicas das prisões gaúchas durante a 5ª edição da Feira do Livro do Sistema Prisional – Diálogos para a Liberdade. A programação, transmitida ao vivo para todo o Estado, reuniu privados de liberdade de 53 casas prisionais, entre elas a Penitenciária Modulada Estadual de Uruguaiana (Pmeu), que mais uma vez marcou presença ativa na iniciativa.  

O evento, promovido pela Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), pela Polícia Penal e pela Câmara Rio-Grandense do Livro, ocorreu paralelamente à 71ª Feira do Livro de Porto Alegre, reforçando o papel da cultura como ferramenta de mudança e inclusão dentro das unidades prisionais. 

Na Modulada, dez detentos acompanharam a transmissão realizada na manhã de sexta-feira, 14/11. A ação foi organizada com o apoio da equipe técnica, entre eles as assistentes sociais Irala Kuhn, Jucleia Velasque Amaral e Flávia Irala Kuhn, que destacou o engajamento do grupo e o interesse demonstrado pelos participantes. Além da presença do psicólogo Guilherme Tomas. 

Durante o encontro, os apenados puderam interagir com outros internos de diversas regiões, ampliando o alcance das discussões sobre literatura, identidade e transformação social. Eles tiveram acesso a quatro obras do convidado especial da edição, o escritor, poeta e educador Bruno Negrão, referência no ‘Slam’ (batalha de poesia falada) no Estado.    

Um dos participantes da PMEU, relatou que não tinha o hábito de ler antes da prisão. A partir dos projetos literários internos, entretanto, passou a enxergar a leitura como uma ferramenta de autoconhecimento. Ele cita como marcante a obra ‘Se Jesus fosse preto’. “Esse livro me abriu os olhos para temas de raça e gênero. Acabei enxergando a minha própria trajetória de outro jeito”, contou.  

A abertura da feira contou com a presença de autoridades do sistema prisional e do setor cultural, entre elas o secretário de Sistemas Penal e Socioeducativo, Jorge Pozzobom, as diretoras Bruna Caldasso Becker (Políticas Penais) e Rita Leonardi (Tratamento Penal), e o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Maximiliano Ledur.   

Em seu pronunciamento, Pozzobom salientou que investir em cultura e educação dentro das unidades é fundamental para garantir que pessoas privadas de liberdade possam retomar suas vidas com dignidade. “Uma ressocialização real só acontece quando existem oportunidades e quando o aprendizado atravessa os muros”, afirmou.  

A presença de Bruno Negrão também foi um dos pontos altos da programação. Ele compartilhou vivências e provocou reflexões sobre desigualdade, resistência e potência criativa. Segundo o escritor, a literatura é capaz de romper silêncios e abrir caminhos. “Eu confio mais na transformação que o livro promove do que na submissão que a grade impõe”, destacou.  

A cultura nesse espaço 

A expansão do evento, que em 2024 havia envolvido 42 unidades e agora alcança 53, demonstra que iniciativas culturais vêm ganhando espaço dentro do sistema prisional. A transmissão on-line possibilita que centenas de apenados participem de debates e palestras, aproximando-os de autores e temas contemporâneos, um movimento que ajuda a democratizar o acesso ao conhecimento mesmo em ambientes privados de liberdade.  

Além disso, ações desse tipo fortalecem políticas públicas voltadas à reintegração social. O incentivo à leitura contribui para a redução da reincidência, amplia horizontes profissionais e estimula novas perspectivas de vida.  

Os impactos, no entanto, não se limitam ao dia da transmissão. Nos presídios, o contato constante com livros tem gerado um efeito multiplicador: detentos que se identificam com a leitura passam a incentivar colegas, criando redes internas de troca e interesse por novos conhecimentos.  

Na Modulada Estadual, esse movimento tem se intensificado, com apenados relatando mudanças de postura, motivação para estudar e desejo de construir um futuro diferente quando deixarem a unidade. 

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