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Leishmaniose
Uruguaiana registrou um caso de leishmaniose em humanos
Reprodução imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - De 2009 a 2022 foram testados 2.720 cães no município, através de demanda espontânea da população.
O município de Uruguaiana registrou um caso de leishmaniose visceral (LV) em humano neste ano. O agente etiológico é um protozoário (Leishmania infantum), que é transmitido principalmente por insetos flebótomos infectados, sendo a fêmea da espécie Lutzomyia longipalpis (popularmente conhecido como mosquito-palha), o principal deles.
As populações de crianças e idosos são as mais suscetíveis, sendo que a doença pode evoluir a óbito em até 90% dos casos não tratados. O cão é o principal reservatório em áreas urbanas e também é acometido pela doença
Em Uruguaiana já são, contabilizando com o caso de 2023, quatro casos humanos de LV confirmados (2011 no bairro Mascarenhas de Moraes, 2016 no bairro São Miguel e 2017 e 2023 no bairro São João), além disso ocorre intensa transmissão entre os cães no município. De 2009 a 2022 foram testados 2.720 cães no município, através de demanda espontânea da população. Destes, 1.589 testaram positivo para leishmaniose visceral canina (LVC), através de teste rápido (imunocromatográfico) e posterior confirmação por técnica de Elisa.
O município é considerado área de transmissão para LV, pois tem ocorrência de casos caninos e humanos da enfermidade e presença do vetor em vários bairros do município. Em levantamentos sorológicos e nos atendimentos às demandas espontâneas realizados no município, no período de 2009 a 2019, a Vigilância Ambiental e Sanitária realizou 3.339 investigações para Leishmaniose Visceral Canina, por demanda espontânea e por inquérito sorológico, sendo que destes, 1548 foram reagentes.
LV em humanos
Em humanos a LV se caracteriza como doença crônica e sistêmica, com sintomas principais incluindo a febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia, hepatoesplenomegalia e anemia, entre outras manifestações. O período de incubação varia de 10 dias a 24 meses, com média entre dois e seis meses. A literatura relata que apenas uma pequena parcela de indivíduos infectados desenvolve sinais e sintomas da doença. Como complicações, podem ocorrer otite média aguda, piodermites e infecções dos tratos respiratório e urinário.
Considerando que se trata de doença de transmissão vetorial, se torna fundamental o emprego de medidas de controle do inseto transmissor. O mosquito-palha é bastante pequeno (3 mm), possui coloração clara (cor de palha ou castanho), o corpo coberto de pelos e se movimenta em pequenos saltos (não em voos mais altos como mosquitos de outras espécies como o Aedes aegypti).
LVC nos cães
Nos cães, a LVC se caracteriza como doença de evolução lenta e crônica, muitas vezes ocorrendo de forma subclínica. Por outro lado, alguns cães podem apresentar evolução aguda e sinais de doença grave, que pode levar à morte caso não seja adotado o manejo adequado. Na maior parte das vezes a LVC apresenta caráter multissistêmico, podendo afetar praticamente qualquer órgão.
Animais mal-nutridos, acometidos por outras doenças concomitantes, que tenham idade menor que três e maior que oito anos e sem vacinação, são os mais gravemente acometidos pela doença. Alguns estudos demonstraram a ocorrência de infecção em gatos no Brasil, porém sem evidências suficientes para classificar a espécie como reservatório, sendo necessárias pesquisas futuras. Os sinais clínicos mais frequentes em cães portadores de LVC são:
Cutâneos: descamação da pele sem prurido e com ou sem queda de pelos, lesões ulcerativas muco cutâneas, principalmente na ponta das orelhas e região nasal e crescimento demasiado das unhas.
Oculares: ceratoconjuntivite comum ou seca, blefarite (inchaço na pálpebra), alopecia periocular.
Gerais: emagrecimento, prostração, intolerância ao exercício, aumento no tamanho dos linfonodos, poliúria e polidipsia devido a doença renal, vômitos, entre outros.
Medidas de prevenção e controle
Se baseiam na redução da interação entre vetores, reservatórios e hospedeiros suscetíveis. O uso de repelentes, inseticidas, vacinação de cães, manejo ambiental das residências e a não exposição no horário de atividade dos vetores são recomendados pelo Ministério da Saúde.
Proteção à população humana:
Usar mosquiteiro com malha fina; telar portas e janelas com malha fina; usar repelentes; não se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite).
Manejo ambiental para controle do vetor:
Limpar quintais, terrenos e praças públicas (recolhendo folhas e galhos);eliminar resíduos sólidos orgânicos e dar destino adequado a este lixo, não permitindo o acúmulo em áreas no domicílio ou áreas próximas como calçadas e terrenos baldios; evitar sombreamento excessivo do pátio de modo a eliminar fontes de umidade.
Medidas de controle da população canina:
Manejo de cães em situação de rua; estímulo da posse responsável de animais domésticos, sem deixar os mesmo livres para circulação nas ruas, onde ficam expostos a diversos riscos além da leishmaniose; utilizar telas com malha fina em canis, de modo a evitar o acesso de insetos; utilizar no cão coleiras repelentes ao vetor impregnadas com deltametrina a 4%; utilizar produtos spot-on à base de permetrina a 65%; a vacina Leishtec® é a única licenciada no Brasil para uso em cães, com o propósito de proteção individual em áreas de transmissão (como é o caso de Uruguaiana), porém, associada às outras medidas já citadas, uma vez que empregada como medida única não oferece proteção suficiente. A vacina só pode ser empregada em animais com teste negativo para LVC; utilizar produtos e medicamentos com orientação de profissional médico veterinário.
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