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Brigada Militar

Cães policiais reforçam atuação do 6º Batalhão de Choque

Michelle Khouri/JC imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

Os cães policiais, conhecidos como K-9, são parceiros importantes no trabalho das forças de segurança, presentes em unidades especiais. É o caso do 6º Batalhão de Polícia de Choque (6ºBPChq), sediado em Uruguaiana e que atende 22 municípios. Ao todo, a unidade conta com sete cães - cinco deles já estão trabalhando e outros dois ainda estão em treinamento. Os animais passam por um período de um ano e meio de adestramento, até que estejam aptos para participar de operações.

De acordo com o policial militar Eduardo Diaz, um dos condutores de cães policiais e cinotécnicos do 6º BP Choque, o emprego de cães em tarefas é uma forma de otimizar o trabalho das forças de segurança, uma vez que a capacidade de faro deles é cerca de 60 vezes maior do que a humana. Uma pessoa possui, em média, cinco milhões de células olfativas que são capazes de detectar milhares de tipos de odores. Já os cães têm em torno de 300 milhões destas células. Esses animais conseguem discernir cada odor de um montante e, por isso, não existem formas de enganar o faro do cão.

Treinamento

Os cães são treinados por policiais cinotécnicos, ou seja, que possuem conhecimentos e técnicas especializadas para conduzir o adestramento. Os condutores são responsáveis pelo tratamento dos animais, desde a alimentação até o treinamento que ocorre diariamente no 1º Batalhão de Policiamento de Área de Fronteira (1º Bpaf), onde o canil atualmente está instalado enquanto as obras do 6º BPChoque são finalizadas. Além disso, os cinotécnicos têm permissão de levar o animal para passear, o que auxilia no fortalecimento do vínculo hierárquico entre o humano e o animal.

Os policiais Diaz, Natália Ximendes e Leonardo Silva dos Santos são soldados do 6º Batalhão de Choque, condutores de cães policiais e cinotécnicos. De acordo com eles, os exercícios com os cachorros ocorrem pela manhã, inclusive aos finais de semana. No centro de treinamento há um quadro que prevê o foco do trabalho a ser realizado.

Quando o treinamento é de faro de entorpecentes, por exemplo, são dispostas diversas caixas no chão, sendo que, somente uma contém o odor a ser buscado. O cão então é liberado pelo condutor e fareja as caixas. Ao perceber o odor em uma das caixas o cão sinaliza ao policial, que o recompensa. Diaz conta que o animal pode sinalizar o conteúdo procurado de duas maneiras: marcação ativa e marcação passiva.

Na primeira, o cão late e raspa as patas no local indicando o conteúdo, no entanto, esse método não é usado pelo Batalhão, uma vez que o cão consegue detectar cheiros residuais, e a raspagem feita com a pata pode causar algum dano material no local onde a busca é feita. Já a passiva, que é utilizada pelo BPChoque, o cão sinaliza que encontrou o elemento procurado ao se sentar ou se deitar em frente ao alvo.

Os condutores reforçam que o cão nunca é treinado se viciando em um entorpecente. "O cachorro não tem contato com o material que está sendo treinado para buscar. O que faz é associar o odor com o prêmio dele, que no caso, é a bolinha. O cão busca o elemento a ser procurado visando a recompensa", explica Diaz.

Raças e seleção

No Batalhão, os cães desempenham funções como faro de arma de fogo e entorpecentes, guarda e proteção ou os dois, o que é chamado de cão de dupla função. Embora não seja determinante, algumas raças são predispostas para os serviços. No total, o Batalhão de Choque possui sete cães, sendo cinco ativos e aptos para operações e dois ainda em treinamento.

Com um ano e seis meses, Nyx é uma fêmea da raça Pastor-belga-malinois que já está em atuação. Conduzida pelo soldado Diaz, ela desempenha a função de duplo emprego, tanto para faro quanto para guarda e proteção. Seguindo o mesmo caminho de treinamento, o filhote Elmo, também da raça belga, é conduzido pela soldado Natália. Apesar de ter só sete meses, ele já está recebendo o adestramento para a dupla função.

Os condutores contam que a raça mais tradicional de ser treinada para realizar o serviço policial é o Pastor-alemão. No entanto, existem outras raças como o Bloodhound e o Labrador, comumente utilizado em faro e busca e resgate de corpos. No entanto, Diaz revela que atualmente há uma convergência muito grande para o uso Pastor-belga-malinois. "Isso se dá por causa da versatilidade do cão. O que for ensinado, ele irá fazer, além de possuir uma resistência e agilidade muito grande. No canil temos uma Labradora que faz o trabalho de faro de arma de fogo e entorpecentes, mas não dá para utilizá-la na guarda e proteção, o que com o Pastor-belga é possível", relata.

A seleção dos animais é feita pelo Canil Central da Brigada Militar em Porto Alegre. O local é responsável pelas matrizes - fêmeas e machos - que geram as ninhadas e de lá são encaminhadas para os outros batalhões. A escolha do filhote é baseada principalmente nos "drives" - também chamados de impulsos - de cada cachorro.

Os impulsos são comportamentos característicos e instintivos dos animais transmitidos geneticamente. Esses instintos que determinam o comportamento esperado de cada raça. Os "drives" são divididos em cinco categorias: fome; caça; proteção; hierarquia; e defesa.

O drive de caça, por exemplo, é ativado em atividades como busca através do faro, pois na natureza seria como se o cão estivesse caçando. O soldado explica que um exemplo é a reação do animal com bolinha: quando ele persegue, captura e traz o brinquedo de volta para o condutor, isso estimula o impulso de caça, que, na natureza, é a garantia de sobrevivência da espécie.

Tarefa prazerosa

O cinotécnico Diaz ressalta que, ao contrário do que grande parte das pessoas pensam, o trabalho que é desempenhado pelo cão é muito prazeroso para a espécie. O cachorro quando está trabalhando não vê a atividade como uma brincadeira, uma vez que a atuação dele é reflexo do instinto natural que o animal possui.

"O cão busca a recompensa sempre. Para os humanos que veem de fora pode parecer que é uma brincadeira porque usamos o brinquedo do cão que é a bolinha, mas em hora alguma o animal trata a tarefa como uma brincadeira. A ocasião aflora os drives, ou seja, o animal está reproduzindo o instinto do que seria feito na natureza", afirma o policial.

Já na atividade de guarda e proteção o cão identifica todos do convívio dele como se fossem parte da sua matilha em níveis de hierarquia. O condutor cria um vínculo hierárquico com o cão ao ser o provedor de necessidades do animal e, por isso, ele identifica o policial como líder da matilha. Dessa forma, o cão vê como uma tarefa instintiva a proteção a qualquer custo, porque é o condutor que provê a subsistência do cachorro.

Segundo Diaz, o momento em que o cão consegue atingir o objetivo seja de capturar a caça ou de desempenhar a defesa do líder, ele tem uma liberação de dopamina, que é o hormônio da felicidade. Ao receber a descarga desse hormônio é gerada uma sensação de bem-estar no cão.

"Por isso que o treinamento é feito em níveis gradativos sempre visando que o cão ganhe. Isso aumenta a confiança e o ego do cachorro. Só quando o animal tiver um nível maior de maturidade ele começará a ter pequenas perdas para aprender a lidar com a frustração", explica Diaz.

Atuação

De acordo com a soldado Natália, em cada operação são utilizados pelo menos dois cães, isso para que um confirme a atuação do outro. Ela conta que o Regulamento Interno da Brigada Militar permite que o cachorro trabalhe por cerca de sete a oito anos na instituição. Após o período de serviço, normalmente o cão é adotado pelo condutor.

Segundo Larson Brazil, responsável pelo Setor de Comunicação do 6º Batalhão de Choque, cães atuaram na rebelião da Penitenciária Modulada Estadual de Uruguaiana (PMEU) quando detentos dos três módulos da casa prisional atearam fogo nas celas no dia 21 de janeiro deste ano. Além disso os animais também fornecem suporte à diversas operações da Polícia Rodoviária Federal e Polícia Civil.


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