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Cátia Liczbinski

Genocídio dos indígenas Yanomami – situação desumana de desnutrição das crianças é a mais grave do mundo

Impossível não se indignar com a trágica situação dos povos indígenas no Brasil. Aqueles que originariamente eram os “Donos da Terra” estão morrendo todos os dias de fome, tendo sua casa destruída por invasores ilegais.

Essa realidade desumana mostrada pela imprensa com estarrecedoras imagens dos corpos esqueléticos de crianças e adultos do povo Yanomami no estado de Roraima, choca e envergonha profundamente os brasileiros. A situação mais triste é das crianças.

O caso descrito como genocídio e crimes contra a humanidade foi denunciado em 2021 no Tribunal Penal de Internacional pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), sendo denunciados o Presidente da República da época e o Estado Brasileiro. A condenação irá ocorrer, mas jamais apagará as mortes e a situação vivida pelos indígenas.

Segundo o médico Paulo Cesar Basta, doutor em Saúde Pública, "o estado nutricional das crianças Yanomami é realmente muito ruim, só comparável aos dados de crianças da África Subsaariana”. Dados coletados pelo Ministério da Saúde em janeiro (2023) mostram que mais de 1.500 crianças têm “muito baixo peso para a idade”, revelando que a desnutrição entre os Yanomami é uma das mais graves do mundo”.

As áreas homologadas deveriam ser protegidas pelo governo, porém o que ocorre é o contrário: as comunidades estão sem atendimento de saúde, tendo como consequência milhares de indígenas abandonados e a morte de muitas crianças. Trata-se de uma tragédia humanitária inominável.

O principal motivo desse genocídio é à explosão da invasão dos garimpeiros na terra indígena nos últimos cinco anos, em torno de 20 mil a 30 mil invasores nos territórios indígenas, pois não foi realizada nenhuma operação completa para retirar os invasores, sendo tolerada pelo governo, mesmo com as denúncias.

O garimpo destrói o meio ambiente e polui, o desmatamento desequilibra o ecossistema, com fuga e morte de animais, e contaminação do solo, dos rios e dos peixes por causa do mercúrio prejudicando a alimentação indígena.

A Terra Indígena existe para garantir a sobrevivência física e cultural de um povo e garantida na Constituição Federal. Mas o garimpo faz a desestruturação total, transforma a comunidade num lugar de insegurança. Há falta de atuação do governo é um estímulo às invasões.

É um “contexto de guerra”, descrito na década de 1990 pelo senador Severo Gomes. Na época, após visitar uma área de garimpo na TIY, o parlamentar exclamou: “Isto é um Vietnã!”. Os traços que chocaram Gomes estão presentes até hoje na atuação garimpeira.

Toda a natureza necessária para a vida dos indígenas é afetada gravemente com o garimpo. As máquinas utilizadas destroem as encostas, prejudicam os leitos dos rios, causam barulhos e fumaça que afastam os animais necessários para a caça, as águas poluídas por mercúrio acabam com os peixes e prejudicam o sistema nervoso.

A Terra Yanomami foi demarcada há 30 anos, e abriga 28 mil indígenas em 300 comunidades. É um povo que está sendo atacado e desrespeitado de forma brutal todos os dias. É preciso salvá-los da violência de garimpeiros e extratores de madeira.

A interrupção do ciclo de violações de direitos só ocorrerá com a retirada dos garimpeiros da terra indígenas e a disponibilização de políticas públicas de saúde, alimentação, educação, assistência social, escuta especializada e segurança territorial de forma permanente. A gestão anterior do governo federal foi explicitamente conivente e até apoiou o garimpo de forma proposital para desmantelar a assistência de saúde e a fiscalização do território.

Segundo o fotógrafo Renato Soares, apesar de todo esse sofrimento, destaca que os ianomâmis são gentis e têm uma cultura fantástica, recebem bem, gostavam de ensinar sua língua.

Se fosse mantida a política do governo passado por mais quatro anos, os garimpeiros chegariam a todas as aldeias, destruindo-as. É um crime contra a humanidade terrível. Uma atrocidade que além de ser combatida deve ser punida.

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