Rubens Montardo
Despedidas
Na vida, aprendemos com o dobrar dos anos, que um dos atos mais dolorosos é a perda de amigos, pessoas com quem convivemos, admiramos, respeitamos e que de uma forma ou outra marcaram e contribuíram com nossa existência. Nesta semana, para minha tristeza, perdi duas destas referências. O primeiro, conheci-o numa manhã de março do ano de 1977, numa quadra de esportes, localizada no fundo do bar da escola, em frente ao prédio de madeira que sediava o Jardim de Infância do Colégio Estadual Dom Hermeto. Falo do professor Nelson Rodrigues Pereira que faleceu no último dia 08/02, aos 88 anos de idade. Com sua partida, perco muitas referências da minha infância e juventude. Educado, fidalgo, cortês e simpático, ao longo de sua trajetória de educador transformou seus milhares de alunos em admiradores, em uma legião de amigos. Apaixonado pelos esportes e a educação física, o professor Nelson Pereira fez de sua profissão um sacerdócio em prol do bem estar e da saúde, sempre atuando com caráter, honradez, dignidade e competência. O professor Nelson Rodrigues Pereira nasceu em Uruguaiana, em 31 de maio de 1933, foi casado com Wanda da Silveira Pereira. O casal teve dois filhos: Nelvan e Nelson; e três netos: Arthur, Matheus e Santiago. Foi um verdadeiro mestre! Aos seus familiares, externo meus sentimentos e rogo a Deus que acolha nosso Mestre com muita luz, alegria e paz no seu reino.
Outra partida foi a do poeta José Luiz Souza Villela, o Gordo Villela, aos 75 anos de idade. Nascido em Uruguaiana em 30 de março de 1946, faleceu na madrugada de quarta-feira, dia 09/02, em nossa cidade. Deixa a esposa Rosângela, filhos e netos. José Luiz Villela era funcionário aposentado da Justiça Federal e teve participação ativa no movimento nativista, cujo apogeu foi na década de 80 no Rio Grande do Sul. Autor de clássicos como Santa Helena da Serra, Querência Maior, Diferenças, Sol de Uruguaiana, o Borracho, Os meus lábios, Louco mundero, Na hora do mate, Recuerdos costeiros, Chalana de madeira e o Licurgo e o Ramão. Com Santa Helena da Serra, venceu o festival Seara, realizado na cidade de Carazinho, em parceria com Rui Biriva, e a canção transformou-se num clássico da música gaúcha. Nos últimos vinte anos, convivemos nas noites das segundas-feiras, nas sessões da Confraria do Funcho, desde a antiga sede, no casarão localizado na esquina das ruas General Vitorino com João Manoel, prédio hoje inexistente. Com a pandemia, nos últimos dois anos, a Confraria deixou de se reunir. Nela, Villela encantava todos com suas estórias, sua poesia e talento para fazer e cativar amigos, com seu cavalheirismo. Suas letras foram importantes referências no canto ao rio Uruguai, sua grande paixão. Adorava pescaria e foi um dos fundadores do Festival da Barranca, na tricentenária São Borja e participou, a convite de seu amigo, o tradicionalista Nico Fagundes, do primeiro programa Galpão Crioulo, na RBS TV, em 1982. Villela deixa uma imensa saudade em todos e um grande legado ao mundo da boa música. Meus votos de pesar aos familiares e amigos e que nosso confrade tenha o descanso eterno no reino de Deus. RIP!
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