Com o objetivo de auxiliar o setor produtivo da agropecuária através de pesquisas que ampliem a capacidade reprodutiva de espécies domésticas de animais como bovinos, ovinos e suínos, o projeto da Rede de Fisiopatologia e Biotécnicas da Reprodução Animal (FiBRA) foi criado. A iniciativa reúne diversas universidades gaúchas e será coordenada pelo curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), do campus Uruguaiana. No fim de março, o governo do Estado anunciou que o projeto será um dos contemplados por um edital de incentivo à pesquisa e receberá R$ 1,05 milhões para viabilizar a pesquisa.

O edital em questão é chamado de Redes Inovadoras de Tecnologias Estratégicas do Rio Grande do Sul (Rite-RS) e foi lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), vinculada ao governo do Estado. Segundo a FAPERGS, foram recebidos 100 projetos, dos quais apenas 14 foram contemplados com o recurso, entre eles, o FiBRA.

Conforme o edital, cada rede de pesquisa será financiada em até R$ 3 milhões, por um período inicial de quatro anos em "projetos capazes de solucionar desafios regionais estratégicos" e contribuir com o "desenvolvimento social e econômico do Estado".

De acordo com o professor do curso de Veterinária da Unipampa e um dos membros da Rede FiBRA, Fernando Silveira Mesquita, o projeto foi selecionado por se propor a lidar com gargalos no sistema de produção da pecuária regional. "Mais especificamente [iremos trabalhar] nos aspectos relativos ao manejo reprodutivo, os quais limitam o desempenho econômico e avanço genético de espécies domésticas de produção", explica Mesquita.

Isso será feito especialmente através do desenvolvimento de estratégias, dispositivos e produtos farmacológicos capazes de controlar e induzir o período fértil em bovinos, suínos e ovinos. Com esse foco, também será criada uma startup com foco no desenvolvimento e aprimoramento de produtos relacionados à reprodução animal. Todo o desenvolvimento nessa área será disponibilizado para o uso em propriedades rurais.

"Essa abordagem tem como principal premissa a produção mais eficiente, com menos recursos e preservando o bem-estar animal", afirma o professor.

A pesquisa busca também permitir a disseminação de animais com genética superior e mais adaptados às condições das criações da região Sul. Com esse foco, a pesquisa focará principalmente em identificar as características que tornam animais mais resistentes ao calor para inseri-los em programas de seleção e melhoramento animal.

Agindo em diferentes áreas, a proposta da Rede FiBRA também vai ser fomentar mais pesquisas na área através da "realização de no mínimo, seis mestrados e cinco doutorados", como estipula Mesquita. Artigos sobre o desenvolvimento dos temas estudados dentro da rede também serão publicados em revistas científicas e levadas a eventos.

Grupo de pesquisa

O professor conta que para a elaboração da proposta foram reunidos diversos grupos de pesquisa do RS para traçar os objetivos e estratégias da Rede FiBRA. Assim, o projeto também será formado por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Todos estarão sob a coordenação do professor Paulo Bayard, também do curso de Veterinária da Unipampa.

A verba de mais de R$ 1 milhão será quase que integralmente utilizada para a aquisição de insumos para a realização dos experimentos propostos, como a manutenção dos animais, hormônios para a manipulação do período reprodutivo, produção de dispositivo de liberação hormonal lenta, reagentes para análises laboratoriais moleculares e bolsa para um pós-doutorado.

Mesquita afirma que a equipe espera contribuir para o desenvolvimento econômico do Estado e do município através da Rede FiBRA.

"Considerando a relevância do agronegócio para o PIB gaúcho, todas as medidas que tornam a produção animal mais eficiente, possuem impacto imediato na arrecadação de recursos. Os produtores se tornarão mais eficientes e Uruguaiana, assim como outros relevantes produtores, serão diretamente beneficiado pelos resultados deste projeto", conclui.