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El Niño

Fortes chuvas no Estado preocupam o agronegócio

O mês de setembro iniciou com preocupação para o agronegócio no Estado, os primeiros dias do mês já chegaram com chuvas fortes e temporal. Nesta semana, o Rio Grande do Sul enfrenta a sua maior catástrofe natural desde 1959 em número de vítimas. Nenhum evento meteorológico nos últimos 64 anos trouxe saldo tão chocante de vítimas em um estado que passou por dezenas de grandes enchentes, ondas de tempestade e tornados, muitos ciclones e até um furacão. 

Os meses de junho e julho já foram marcados pela passagem de fortes ventos e chuvas, sendo o causador deles um ciclone extratropical, que atingiu o estado e causou perdas e prejuízos, em especial, nas propriedades de agricultores. Mais uma vez a cena se repete, até o momento ainda não foram contabilizados todos os prejuízos em decorrência das fortes chuvas.  

Assim como da outra vez que o fenômeno passou pelo Estado, produtores relatam o prejuízo de perder a camada fértil do solo, que foi arrastada pela água, por conta das cheias. Como é de conhecimento, o solo não é um manejo fácil e cultivar a fertilidade é um trabalho que leva tempo. Logo, o produtor que passou por isso vai levar algum tempo até conseguir recuperar a terra, para que ela esteja própria para o plantio novamente. 

Alguns produtores também relataram a perda total de suas plantações, principalmente aquelas em estágios mais frágeis do ciclo. Nesses casos, somado à infertilidade do solo, o prejuízo é ainda mais assustador. 

A meteorologista da MetSul, Estael Sias, explica, em boletim, que a ocorrência de ciclones extratropicais no Sul do Brasil é comum, independentemente da ocorrência do El Niño. O que pode ser relacionado ao fenômeno é a intensidade e o posicionamento, que, segundo ela, fugiram do convencional. 

Ela afirma a sequência de eventos de chuva volumosa e excessiva é que caracteriza um cenário típico de El Niño. E ressalta ainda que o registrado nos últimos dias no Rio Grande do Sul não deve ser o único episódio de chuva forte neste mês. 

“Um segundo já deve ser esperado na segunda metade desta semana com a formação de uma frente quente no Sul gaúcho, que, depois, avançará como frente fria, gerando mais chuva volumosa. Dados já indicam um terceiro evento no Rio Grande do Sul, entre os dias 12 e 13”, explica a meteorologista. 

El Niño  

Excesso ou falta de chuvas, temperaturas acima da média e períodos com fortes restrições hídricas. Esses são alguns dos reflexos provocados pelo El Niño no Brasil. Esse fenômeno climático pode resultar em grandes prejuízos, como está sendo visto, um maior volume de chuvas na região Sul do país, temperaturas mais elevadas de forma geral, secas severas na região Nordeste e outros inúmeros reflexos negativos. 

Estima-se que 80% da variação da produtividade agrícola dependa das condições climáticas. Áreas com redução das chuvas podem desacelerar o desenvolvimento das culturas, ocorrendo queda da produtividade. 

Já em regiões com aumento da precipitação, pode haver inundações nas culturas, o que também tende a reduzir a produtividade. Além disso, chuvas em excesso no momento da colheita podem diminuir a qualidade dos produtos e, ainda, inviabilizar o escoamento da safra.Culturas anuais podem ser altamente afetadas por essas variações, como é o caso das lavouras de grãos. 

As culturas perenes também podem ter redução na produtividade. Mas, como elas ficam por mais tempo no campo, há possibilidade de se recuperarem após essas variações. No entanto, elas devem ser monitoradas da mesma forma, para mitigação dos efeitos do fenômeno, sejam eles aumento das precipitações ou redução. 

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