Gênero e raça
Pesquisa revela impacto das desigualdades no mundo acadêmico

Rochele Zandavalli/UFRGS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -
Um estudo desenvolvido pelo grupo Parent in Science, composto por pesquisadores das faculdades gaúchas Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e de outras universidades do país, investigou como os fatores "gênero" e "raça" impactam na produção de cientistas brasileiros durante a pandemia de covid-19. A partir das respostas de quase 15 mil voluntários, foi possível constatar que, apesar de esse momento afetar a produtividade de muitos pesquisadores, alguns grupos são particularmente impactados. É o caso das mulheres negras, independentemente de terem filhos ou não, e das mulheres brancas com crianças pequenas.
O Parent in Science trabalha desde 2016 com a questão da desigualdade de gênero na ciência e estuda os impactos da parentalidade na produção científica, especialmente para as mulheres. Com a pandemia, os integrantes do grupo - dos 16 pesquisadores, 15 são mães ou pais - passaram a enfrentar mais dificuldades, uma vez que as escolas dos filhos suspenderam as atividades presenciais e os cientistas passaram a trabalhar de forma remota, em casa. Além dessa experiência pessoal, "editores de revistas científicas de vários países começaram a afirmar que nunca tinham visto uma queda tão brusca na submissão de artigos por mulheres, como está acontecendo agora na pandemia", conta a professora do campus Litoral Norte da UFRGS e uma das integrantes do Parent in Science, Rossana Soletti.
A equipe decidiu, então, fazer um levantamento com docentes, pós-doutorandos e estudantes de pós-graduação para entender como a produtividade acadêmica está sendo afetada durante a pandemia e verificar se há diferenças nesse impacto em alguns grupos ou em pessoas com determinadas condições. Quando sistematizaram os dados, os pesquisadores perceberam que as mulheres negras (independentemente de terem filhos ou não) e mulheres brancas com filhos (especialmente com idade até 12 anos) são os grupos mais afetados pela pandemia em termos de produtividade acadêmica. Por outro lado, a produção masculina (principalmente de homens que não são pais) tem sido a menos impactada neste período.
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