AVANÇO
Implante cerebral recupera movimento e sensações de homem tetraplégico
imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Cirurgia ocorreu em março e durou cerca de 15 horas, nas quais o pacientes esteve acordado, ajudando a guiar a equipe médica.
Nos Estados Unidos, um homem tetraplégico de 45 anos recuperou parte do movimento das mãos e voltou a sentir alguns estímulos sensoriais após receber um implante cerebral. Mesmo com o aparato tecnológico desligado, algumas melhoras duradouras foram identificadas, como a recuperação parcial do tato.
Através do procedimento inovador, os pesquisadores dos Feinstein Institutes for Medical Research, do Northwell Health, conseguiram reconectar, de forma eletrônica e com a ajuda de algoritmos de Inteligência Artificial (IA), o cérebro, o corpo e a medula espinhal do paciente Keith Thomas, um dos poucos seres humanos a experimentar uma tecnologia movida pela “força do pensamento”.
Antes do procedimento cirúrgico, que ocorreu em março deste ano, os cientistas precisaram mapear o cérebro do paciente através de ressonâncias magnéticas. O processo buscou identificar quais áreas eram responsáveis pelo movimento do braço e pela sensação do toque em sua mão — estas foram as duas habilidades recuperadas após o implante.
Apesar da pesquisa prévia, o paciente estava acordado durante a maior parte da cirurgia, dando feedbacks em tempo real e confirmando quais sensações tinha. "Como tínhamos as imagens [do cérebro] e ele falava conosco durante partes de sua cirurgia, sabíamos exatamente onde colocar os implantes cerebrais", afirma Ashesh Mehta, o neurocirurgião responsável pela operação e professor associado da instituição, em nota
Vale lembrar que, em casos de cirurgias cerebrais, é relativamente “comum” manter o paciente acordado para evitar lesões desnecessárias, preservando todas as funções — sem envolver os procedimentos de implantes cerebrais, há relatos de pessoas que tocam instrumentos musicais na sala de cirurgia, como o saxofone.
No total, a cirurgia levou 15 horas para ser concluída. Neste período, foram inseridos cinco microchips no cérebro do paciente, sendo que dois foram instalados na parte responsável pelo movimento. Os outros três ficaram na parte responsável pelo tato e sensação dos dedos.
Como funciona?
Com a ajuda dos chips, o paciente se conecta a um computador que usa IA para ler, interpretar e traduzir seus pensamentos — para ser mais preciso, a atividade dos seus neurônios. A recente forma de “controle” dos braços é conhecida como terapia dirigida pelo pensamento.
Tudo começa quando o paciente pensa em apertar a sua mão para pegar um objeto, o que gera uma atividade neuronal. Isso envia sinais elétricos de seu implante cerebral para um computador e este último envia sinais para eletrodos altamente flexíveis e não invasivos que são colocados sobre a coluna (medula espinhal) e os músculos da mão.
Em paralelo, pequenos sensores na ponta dos dedos e na palma da mão enviam informações de toque e pressão de volta à área sensorial do cérebro. A junção de todos esses estímulos faz com que o paciente consiga agarrar o objeto que deseja, enquanto sente o toque.
O interessante é que as sessões em que o indivíduo usa o aparato tecnológico funcionam como um tipo de fisioterapia, já que estimulam habilidades “esquecidas” pelo corpo. Com isso, a força do braço mais do que dobrou nos quatro meses de uso, e ele recuperou algum nível de sensibilidade, mesmo com os dispositivos desligados.
Hoje, são poucos os experimentos que usam a forma do pensamento para reabilitar pacientes, mas, no futuro, devem se tornar mais comuns. Recentemente, pesquisadores da Lausanne University Hospital (Chuv), na Suíça, divulgaram um experimento do tipo com um indivíduo que tinha perdido o movimento das pernas, mas conseguiu andar novamente com a tecnologia.
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