Rubens Montardo Junior
Agosto & Benjamin
Agosto
O mês de agosto é marcante na política brasileira. Em 5 de agosto de 1954, o atentado na rua Tonelero, em Copacabana, no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, tendo com alvo o deputado Carlos Lacerda, e seus desdobramentos e crise política, culminou com o suicídio do presidente Getúlio Vargas, na manhã do dia 24. Em 1961, no dia 25 de agosto, o presidente Jânio Quadros renuncia ao cargo e jamais esclareceu os reais motivos deste ato. Em 22 de agosto de 1976, o ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, morreu na Rodovia Presidente Dutra, na cidade de Resende (RJ), num acidente automobilístico. Curiosidade: Será que poderemos ter alguma surpresa no mundo político, neste agosto de 2021?
Benjamin
Apontado como um dos maiores pensadores do século XX, o filósofo, ensaísta, crítico literário, tradutor e sociólogo judeu alemão Walter Benedix Schönflies Benjamin, nasceu em Berlim, em 15 de julho de 1892. Walter Benjamin nasceu no seio de uma próspera família judaica. Filho de Emil Benjamin e de Paula Schönflies Benjamin, comerciantes de produtos franceses. Na adolescência Benjamin, participou no Movimento da Juventude Livre Alemã, colaborando na revista do movimento. Nesta época nota-se uma nítida influência de Nietzsche em suas leituras. Em 1915, conhece Gershom Gerhard Scholem de quem se torna muito próximo, devido ao gosto comum pela arte e pela religião judaica, que ambos estudavam. Em 1919, defende tese de doutorado, A Crítica de Arte, no Romantismo Alemão, que foi aprovada e recomendada para publicação. Em 1925, Benjamin constatou que a porta da vida acadêmica estava fechada para ele, tendo a sua tese de livre-docência, Origem do Drama Barroco Alemão, sido rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt. Foi fortemente inspirado tanto por Bertolt Brecht, como pelo místico judaico de Gershom Scholem. Entre as suas obras mais conhecidas, contam-se A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica (1936), Teses Sobre o Conceito de História (1940) e a monumental e inacabada Paris, Capital do século XIX, enquanto A Tarefa do Tradutor constitui referência incontornável dos estudos literários. Benjamin era profundo conhecedor da língua e cultura francesas, traduziu para o alemão importantes obras como Quadros Parisienses de Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust. O seu trabalho, combinando ideias aparentemente antagônicas do idealismo alemão, do materialismo dialético e do misticismo judaico, constitui uma contribuição original para a teoria estética. Nos últimos anos da década de 1920 e nos anos seguintes publica resenhas e traduções que lhe trariam reconhecimento como crítico literário, entre elas as séries sobre Charles Baudelaire. Refugiou-se na Itália de 1934 a 1935. Neste momento cresciam as tensões entre Benjamin e o Instituto para Pesquisas Sociais, associado ao que ficou conhecida como Escola de Frankfurt, da qual Benjamin foi mais um inspirador do que um membro. Em 1940, ano da sua morte, Benjamin escreve a sua última obra, considerada por alguns como seu mais importante texto: as Teses Sobre o Conceito de História. É inegável o grande legado de Benjamin para o conhecimento sociológico e filosófico, em textos como Paris do Segundo Império em Baudelaire (a boêmia, o flâneur e a modernidade), teses sobre a filosofia da história, o teatro épico, origem do drama barroco alemão e o autor como produtor. Fugindo e temendo os horrores do nazismo, Walter Benjamin teve um fim trágico aos 48 anos de idade. Na noite de 26 de setembro de 1940, num pequeno hotel de Portbou, na costa da Catalunha, Benjamin suicidou-se, tomando uma overdose de morfina. A sua morte, desde sempre envolta em mistério, teria ocorrido durante a tentativa de fuga através dos Pirenéus, quando, em Portbou, foi parado, junto do seu grupo de refugiados, pela polícia espanhola. Temendo ser entregue à Gestapo, teria cometido o suicídio por overdose de morfina. Tomou pílulas no hotel em que o grupo de judeus que o acompanhava, aguardava a deportação. No dia seguinte 27/09, as autoridades espanholas permitiram a passagem do grupo. Foi tardia a liberação, Benjamin estava morto.
Deixe seu comentário