Rubens Montardo
Tragédia anunciada
O negacionismo, a falta de uma política séria, responsável e eficaz e um descaso criminoso levaram centenas de pessoas a óbito no Brasil. Diretores de hospitais e clínicas alertam para evitar o iminente colapso no sistema de saúde, que opera em sua capacidade máxima. No Rio Grande do Sul a situação se agrava. Hoje, temos 11 regiões do estado em bandeira preta, com suspensão geral das atividades das 22h às 5h. Mas, numa atitude cretina, adotando medidas da bandeira vermelha. O Brasil chegou ao 34º dia com média móvel de óbitos superior a mil mortes/dia. Agora, para tentar conter os avanços, estados e municípios "batem cabeça". A cidade paulista de Araraquara adotou lockdown, a mineira Uberlândia passou a combinar toque de recolher e Lei Seca, estados do Nordeste voltaram a fechar suas praias, e São Paulo anunciou revisão do seu plano de reabertura. Todas essas restrições são eficientes no combate à pandemia, mas a situação não estaria assim se ações mais rígidas tivessem sido tomadas antes. Faltou coragem e discernimento. Certamente, devido ao ano eleitoral, muitos governantes evitaram medidas fortes temendo o reflexo nas urnas e a queda na popularidade. Entre decidir e fazer demagogia, ficaram com a segunda opção. O professor e especialista da Universidade de São Paulo, Domingos Alves, destaca que "ver os números crescerem foi tragédia anunciada: lockdown deveria ter sido feito no passado, agora é correr para sanar danos. Sabíamos que os números voltariam a crescer e avisamos. Governo federal nunca tomou a frente, assim como estados e municípios, por motivos econômicos e eleitorais, seguraram seus números no ano passado. Agiram como se tudo estivesse bem, mas nunca tivemos controle da pandemia. Agora, com a circulação de novas variantes, falta de celeridade na vacinação, aglomerações e viagens entre o final de 2020 e começo deste ano, vê-se um aumento de casos e óbitos em todas as regiões. Tudo foi flexibilizado, como se não houvesse pandemia. O governo federal não só se recusou a considerar qualquer medida restritiva, mesmo mais branda, como o presidente Jair Bolsonaro debochou da alternativa em diversos momentos". A idiotice, a demagogia, a irresponsabilidade e o negacionismo criminoso estão apresentando seus resultados. Como diria o saudoso Odorico Paraguaçu: "Deixando os entretantos e indo direto aos finalmente: Viva a vacina e abaixo...".
Delírio
Pessoal critica e fala mal da Globo, mas assiste sua programação. Nesta semana, a eliminação de Karol Conka rendeu uma audiência que o BBB não alcançava havia mais de dez anos. Desde o BBB 10, nenhum paredão obteve um número tão expressivo. De acordo com dados preliminares do Kantar Media Ibope, o reality show obteve média de 37,7 pontos com pico de 39,9. Na semana anterior, com a saída de Nego Di, o BBB 21 marcou 32,4 pontos. Para se ter uma ideia, o índice é mais alto do que a final do BBB 20, que obteve 34,2 pontos. O episódio também foi mais assistido do que todos os da temporada anterior. Em tempo: Bolsonaro e muitos de seus seguidores ainda nutrem o delírio que vão acabar com a Rede Globo.
Sopinha
Empolgado com os números o apresentador Luciano Huck busca espaço para concorrer à Presidência da República e aguarda uma definição do ex-ministro Sérgio Moro, que hoje derrotaria Jair Bolsonaro num eventual segundo turno. Nos bastidores Luciano, aos 49 anos de idade, sonha com a união das siglas PSB, PV, Cidadania e Rede para apoiá-lo. Por enquanto, tudo é apenas uma sopinha de letras!
Pesquisa
Divulgada pela XP/Ipespe, mostra que hoje, em um eventual segundo turno, só o ex-ministro Sérgio Moro venceria Bolsonaro, com 36% a 32%. Nos demais cenários, o atual presidente aparece à frente de Ciro Gomes (39% a 37%), Luciano Huck (37% a 33%), João Doria (37% a 30%), Fernando Haddad (41% a 36%) e Guilherme Boulos (42% a 31%). A pesquisa foi feita com 1.000 entrevistas de abrangência nacional entre 2 e 4 de fevereiro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais. Detalhe: ainda tem muita água para passar debaixo desta ponte.
Oráculo
"O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas". - Bertrand Russell (1872-1970), matemático, filósofo e historiador britânico.
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