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Índices criminais

Coronavírus teve impacto na criminalidade no Estado

Mesmo diante de reduções recordes atingidas no ano passado, a Segurança Pública conseguiu alcançar novas marcas inéditas na diminuição dos indicadores de criminalidade no Rio Grande do Sul em março. Os casos de latrocínio em todo o Estado caíram 87,5% na comparação com o mesmo mês em 2019, de oito para um - o menor número para o período em toda a série histórica, iniciada em 2002. A queda em março colaborou para aprofundar o resultado no acumulado desde janeiro. Houve baixa de 33,3% nos roubos com morte na comparação dos primeiros trimestres do ano passado e deste. Passou-se de 21 ocorrências para 14, também o menor total para o intervalo temporal desde que o Estado começou a contabilização de crimes no RS. 

Um dos fatores que impactou na redução foi a pandemia do novo Coronavírus, que reduziu a circulação de pessoas. Embora as primeiras medidas de restrição a movimentações tenham sido adotadas já na metade da segunda quinzena do mês, com a decretação do estado de calamidade pública no dia 19 de março, a redução do número de cidadãos nas ruas também diminuiu as chances de assaltos durante o mês.

Um dos principais tipos de crime com potencial para evoluir ao latrocínio, o roubo de veículo no RS teve uma queda de 10% no mês passado em relação a igual período de 2019, passando de 957 casos para 858.

Na comparação dos intervalos entre janeiro a março, a retração nos roubos de veículo em todo o Estado chegou a 18,7%, caindo para 2.654 no primeiro trimestre deste ano contra 3.265 no mesmo recorte do ano anterior. A mesma comparação na Capital resultou em redução de 25,8%, com 1.466 casos nos três meses iniciais de 2019 e 1.088 entre janeiro e março de 2020.

De igual forma, o isolamento social freou também os roubos a pedestre. Em todo o RS, o número de ocorrências desse tipo de crime no mês caiu de 4 115 no ano passado para 3 294 neste ano, uma queda de 20%.

Trimestre

O primeiro trimestre de 2020 ainda encerrou com quedas significativas em outros dois importantes indicadores de criminalidade: os roubos a transporte coletivo e os ataques a banco (somando ocorrências de furto e de roubo).

Houve 16 ações criminosas contra instituições financeiras no Estado entre janeiro e março, o que representa retração de 42,9% em relação às 28 registradas no mesmo período do ano passado.

Nos roubos a transporte coletivo, somando ações contra passageiros e profissionais que trabalham em ônibus e lotações no RS, a baixa no trimestre foi de 43,9%, com as 607 ocorrências nos três primeiros meses do ano passado caindo para 345 neste ano.

Homicídios

Após leve alta verificada em fevereiro, o número de vítimas de homicídio voltou ao patamar de estabilidade em março no Rio Grande do Sul. Foram 146 pessoas assassinadas, uma a menos do que no mesmo mês do ano passado, o que representou queda de 0,7%) - o menor total para o mês desde 2007, quando houve 136 mortes. No acumulado do trimestre, foi mantida a curva de retração, com 462 óbitos, 12,5% menos do que os 528 ocorridos em igual período de 2019 e a menor soma desde 2011, quando houve 454 vítimas entre janeiro e março.

Crimes contra a mulher

Apesar dos demais indicadores de violência do Estado apresentarem resultados positivos, no que tange aos crimes contra a mulher, os dados dos últimos levantamentos mostraram que o Rio Grande do Sul tem muito a fazer. Depois de dois meses com resultados bastante negativos março trouxe algum alento na luta por respeito, proteção e igualdade. Ainda houve onze feminicídios, mas, ao contrário de janeiro e de fevereiro, não houve aumento em relação ao ano passado, quando o número de mulheres assassinadas por motivo de gênero foi o mesmo.

Com a estabilidade no terceiro mês do calendário, os gaúchos seguem distantes de reverter o cenário negativo no acumulado de feminicídios desde janeiro, com 26 vítimas, alta de 73% em relação às 15 contabilizadas no primeiro trimestre do ano passado. As tentativas de feminicídio caíram de 92 para 84, uma retração de 8,7%, e as lesões corporais ficaram praticamente estáveis, de 5 885 para 5 927, um aumento de 0,7%.

Ainda na comparação de acumulados, houve retrações entre os demais crimes contra mulher. As ameaças caíram de 10 436 ocorrências para 9 732, 6,7% a menos que em 2019. Os estupros caíram de 442 para 432, 2,3% a menos; e

De outro lado, ao contrário das expectativas em razão da quarentena pela Covid-19, nos demais quatro indicadores monitorados pela SSP, o mês de março fechou com quedas em relação ao mesmo mês em 2019. Como a maioria dos episódios acontece no ambiente doméstico e familiar das vítimas, havia receio de que esses tipos de crimes poderiam aumentar no período de isolamento social.

Os registros de ameaça passaram de 3 457 para 2 689, queda de 22,2%; e os registros de lesão corporal caíram de 1 949 para 1 793, menos 8%. Também tiveram redução, mas ficaram praticamente estáveis, os estupros, com três casos a menos (de 126 para 123, que representa queda de 2,4%), e as tentativas de feminicídio, com uma ocorrência abaixo do verificado em março do ano anterior (de 25 para 24, -4%).

A Polícia Civil alerta, contudo, que as diminuições nos registros de violência contra a mulher - em especial nos casos de ameaça e lesão corporal, menos graves que os demais - possam ser resultado de subnotificação. É possível que as mulheres vítimas, diante da necessidade de permanecer em casa para evitar a disseminação do novo coronavírus, sintam-se acuadas para buscar a ajuda.

Por isso, nesse período, é ainda mais importante que a sociedade assuma sua responsabilidade e colabore para romper o ciclo de violência levando alerta às autoridades. Familiares, amigos, vizinhos e mesma desconhecidos podem, e devem, denunciar qualquer caso de abuso pelos disque 180, 100 ou pelo WhatsApp (51) 9.8444.0606.

Nesse período de quarentena, as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs) também reforçaram o trabalho proativo de prisão de agressores e de busca e apreensão em locais onde há suspeita da presença de armas e outros instrumentos que possam oferecer risco a vítimas que registraram ocorrências.

Na Brigada Militar, as Patrulhas Maria da Penha, principal ação da corporação para combate à violência por razão de gênero, ampliou em 82% o número de municípios atendidos no Rio Grande do Sul. No ano passado, o programa atingiu presença em 46 cidades e, ao final de março de 2020, mais 38 municípios foram contemplados com unidades da iniciativa, que existe há oito anos.

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