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Quase duas décadas

Investigação revela venda de gado e cavalos com documentos falsos no Estado

Ilustração/Pexels. - Produtores descobrem seus registros usados em movimentações de gado e cavalos sem autorização.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, na manhã desta terça-feira (9), uma operação para desmantelar uma rede que atuava há quase duas décadas na legalização fraudulenta de animais sem procedência. Conforme as investigações, cerca de 13 mil cavalos e 800 cabeças de gado foram inseridos de forma irregular no sistema oficial da Secretaria da Agricultura.

De acordo com os policiais, o golpe consistia em atribuir origem falsa a animais que, em muitos casos, teriam sido obtidos por meio de abigeato. Para encobrir a ilegalidade, eram emitidos registros adulterados, inclusive com exames sanitários forjados, permitindo que cavalos e bovinos fossem comercializados com frigoríficos, especialmente em São Gabriel.

Centro da investigação
Entre os alvos da operação está o advogado Eloi Irigaray, de Santa Maria, apontado como comprador de parte dos animais com documentação adulterada. Ele já havia concorrido a vereador pelo Partido Social Democrático (PSD) em 2024, mas não conseguiu se eleger. Segundo a polícia, os animais adquiridos por ele e por seu filho, Pablo Irigaray, teriam sido revendidos ao frigorífico Foresta, em São Gabriel. O abatedouro, segundo as autoridades, não tinha conhecimento da fraude.

Buscas foram cumpridas também na residência dos investigados em Júlio de Castilhos. Procurados pela imprensa, os Irigaray não se pronunciaram até a publicação desta reportagem. O frigorífico afirmou que vai aguardar a conclusão do inquérito para se manifestar oficialmente.

Funcionário público envolvido

A apuração aponta ainda o envolvimento de Gilson Dutra de Oliveira, servidor da Inspetoria Veterinária de Arroio do Tigre. Ele teria usado suas credenciais para alimentar o sistema estadual com dados falsos, criando rebanhos inexistentes e até mesmo "revivendo" animais já falecidos para justificar novas movimentações. O servidor já havia tido sua senha bloqueada em 2023 após denúncias de produtores, mas continuou acessando com a senha de um colega.

Segundo a delegada Graciela Chagas, responsável pelo caso, o esquema era sofisticado.“Eles fabricavam saldo de animais, multiplicando rebanhos fantasmas ou usando registros de cavalos mortos, o que possibilitava a emissão de guias de transporte e o comércio dentro do estado.”

Produtores usados como laranjas

Cerca de 150 criadores rurais tiveram seus registros utilizados sem autorização para dar respaldo às transações ilícitas. Entre eles está Everaldo Vieira, agricultor de Viamão, que teve seu nome vinculado a uma guia de gado sem nunca ter feito a venda. Situação semelhante enfrentou Avelino Pruch de Jesus, ex-criador de cavalos de Canela, que descobriu que sua inscrição foi usada para movimentar oito animais em municípios que sequer conhecia.

As investigações identificaram casos em que cavalos “nasciam e se tornavam adultos em minutos” no sistema, ou percorriam centenas de quilômetros em tempo impossível, evidenciando as adulterações.

Próximos passos

A Secretaria da Agricultura instaurou processo administrativo e orientou produtores prejudicados a formalizar denúncia junto à polícia. O Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal confirmou que acompanha o caso e que aguarda a conclusão do inquérito.

A operação cumpriu oito mandados de busca e apreensão em diferentes cidades do estado. A Polícia Civil segue analisando os materiais apreendidos para identificar a extensão da fraude e os possíveis responsáveis.


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