URUGUAIANA JN PREVISÃO

Rubens Montardo

Poesia na Música

A música, na definição grega, “é a arte das musas, uma forma de arte que se constitui na combinação de vários sons e ritmos, seguindo uma pré-organização ao longo do tempo. É uma prática cultural e humana. Não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias. Embora nem sempre seja feita com esse objetivo, a música pode ser considerada como uma forma de arte, considerada por muitos como sua principal função. Dentro das artes, a música pode ser classificada como uma sublime e espetacular representação da vida”. Nesta seara, o Brasil teve e ainda tem grandes letristas, verdadeiros poetas que elevaram a um alto patamar de qualidade e beleza muitas canções nacionais. Nestes tempos, temos testemunhado o empobrecimento, a bizarrice e até conteúdos deploráveis em versos musicados em ritmos também medíocres, chulos e de extremado mau gosto. Chico Buarque, Vinícius de Moraes. Tom Jobim, Belchior, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Heitor Villa-Lobos, Vitor Martins, Paulo César Pinheiro, Gonzaguinha, Roberto Carlos, Milton Nascimento, Erasmo Carlos, Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran, Isolda, Aldir Blanc, Ary Barroso, Pixinguinha, Caetano Velos, Cartola, Dorival Caymmi, Cazuza, Djavan, Dona Ivone Lara, Rita Lee, Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, Raul Seixas, Renato Russo, Luiz Gonzaga, Arnaldo Antunes, Tim Maia, Adoniran Barbosa, Alceu Valença, Marisa Monte e Paulo Sérgio Valle, integram o grupo dos nossos mais expressivos cancioneiros. Rogo para que os “deuses da inspiração” toquem nossos compositores para que seja reavivada a beleza em nossos cancioneiros nacionais.

O poeta Manuel Bandeira (1886-1968), uma das maiores expressões da nossa literatura, afirmou que o verso mais bonito da nossa língua, era: "Tu pisavas os astros distraída...". Este é um dos versos da canção Chão de Estrelas, letra de autoria de Orestes Barbosa (1893-1966), musicados pelo seresteiro Silvio Caldas (1908-1998). Eis a letra:

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações.

Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do Sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou.

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional.

A porta do barraco era sem trinco
Mas a Lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros, distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.

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