A pandemia nos forçou ao isolamento e nossas crianças ficaram sem escolas. Diversas situações sobre educação estão sendo discutidas, porém um assunto que só agora se tornou o centro das atenções e entrou nas rodas de conversas é a violência contra as crianças. Nos últimos dias acompanhamos dois casos que comoveu muitas pessoas: o estupro pelo tio de uma menina de 10 anos que acabou por engravidar, a menina relata que essa situação já acontecia desde seus 6 anos de idade. E o outro caso é do menino que nem chegou a completar 2 anos de vida e foi brutalmente espancado pelo pai de 19 anos que disse não aguentar mais o choro da criança, devido a gravidade dos ferimentos o menino não resistiu. Duas histórias tristes de futuros interrompidos e marcas irreparáveis para quem sobreviveu.

A discussão que assistentes sociais, educadores, psicólogos e outros grupos há muito faz é o aumento das agressões verbais, físicas, psicológicas e sexuais com o isolamento domiciliar. Infelizmente acompanhamos em nossas escolas histórias tristes e sabemos que o papel das instituições de ensino são fundamentais para ajudar nossos pequenos. Para muitas crianças e jovens o único lugar de refúgio é a escola, ali se afastam de quem lhe agride e conseguem pedir ajuda. Também esquecem seus problemas familiares e conhecem novas aprendizagens, possibilidades, seus direitos, deveres e histórias diversas de vidas.

Infelizmente não temos o poder de salvar todas as crianças, mas temos a responsabilidade social de proteger as que fazem parte de nossas vidas. Existe uma cultura antiquada de que as crianças são permissivas e propriedade de quem lhe faz mal. Pessoas com pensamentos assim não conseguem ver que o tempo vai passar e logo sua vítima se tornará adulta com pensamentos e opiniões próprias, é um desrespeito total com um ser humano que precisa de proteção e orientações para sua formação pessoal. Maus tratos e qualquer tipo de abuso devem ser denunciados, temos o número 100 (Direitos Humanos) para isso, além do Conselho Tutelar e polícia militar. Não se cale, defender uma criança e tirar de um convívio familiar abusivo é dever de todas as pessoas de bem.

Para concluir gostaria de deixar uma frase de Louis Pasteur que fala exatamente como devemos olhar para nossos pequenos respeitando sua individualidade, dando proteção, amor, dignidade e acima de tudo respeito pelo futuro adulto que se tornará:

"Quando vejo uma criança ela inspira-me dois sentimentos: ternura pelo que é, e respeito pelo que poderá vir a ser."