MARISELE VELASQUES
Incoerência
O debate sobre o retorno às aulas começou. Para o governo do estado no final do mês de agosto a Educação Infantil já poderá iniciar suas atividades e gradualmente estariam autorizados a voltar às salas de aula os estudantes e professores de todas as redes de Ensino Superior. Depois viria os ensinos Médio e Técnico, e os anos finais do Ensino Fundamental. Só em Outubro retornariam os alunos das Séries Iniciais. Tudo respeitando as bandeiras impostas por decretos e onde houver risco baixo e médio para Corona vírus. Para quem acompanha os noticiários já sabe que muitos prefeitos gostariam que as aulas começassem com o Ensino Superior, depois Técnico e Médio, Fundamental Anos Finais, Séries Iniciais e por último os pequenos da Educação Infantil. Pronto, começou a discussão!
Sabemos que existe em torno desse assunto um lado político, econômico e muita pressão da sociedade, mas esse não é o foco do texto. Gostaria de salientar a incoerência que está acontecendo. Ao ligarmos a televisão ouvimos direto que os casos de pessoas infectadas com o vírus só estão aumentando, o número de mortos também e que em algumas cidades ou regiões já se tem falta de leitos de UTI, por isso muitas bandeiras vermelhas espalhadas pelo Rio Grande do Sul. Em meio a tudo a proposta de voltar para a sala de aula acontece. Outra situação bem curiosa é que micros empresários e autônomos não podem trabalhar direito ou se quer sair para garantir seu sustento, pois o lema "fica em casa" ainda prevalece. Já as grandes empresas devem diminuir horários, funcionários e atendimento aos clientes para não gerar aglomeração. Parques, praças e outros lugares públicos permanecem fechados e nem uma reunião em família podemos fazer porque poderemos ser denunciados. Mas as escolas podem abrir.
É que para alguns nas instituições de ensino não terá vírus, estudantes e trabalhadores desses espaços são naturalmente imunes e suas famílias também. Mesmo em salas apertadas e com uma média de 30 alunos não haverá aglomeração, e nos recreios todos ficarão estáticos com suas máscaras apenas descansando a mente. Estou sendo irônica porque não consigo compreender o raciocínio dos nossos representantes. É lógico que queremos voltar, mas tem que haver segurança, pois a escola não é um lugar separado do mundo, ao contrário, o mundo está dentro dela. Para cada professor existe uma família, e seu filho é parte da sua.
O que nos resta é continuar assistindo o debate e ver pessoas que não fazem questão de perguntar para as famílias ou educadores em qual momento seria o melhor para retornar, decidindo nosso futuro e saúde. Não está sendo fácil pra ninguém, porém precisamos de um pouco de respeito e compaixão. Pergunte a um pequeno empresário se ele atende trinta clientes ao mesmo tempo em um espaço físico pequeno do seu comércio e se acha justo ter que fechar suas portas que são o sustento de sua casa? Se pergunte como será a segurança do seu filho quando tudo recomeçar. A realidade é difícil e temos que nos adaptar até tudo isso acabar. Precisamos refletir e acima de tudo nos respeitar.
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