Marisele Pereira Velasques
Fala infantilizada
O desenvolvimento da fala em uma criança é um processo complexo e exige atenção de seus pais, já que cada uma tem seu tempo. A média é de quatro a cinco anos para que se conclua, e mesmo assim algumas palavras podem continuar sendo pronunciadas de forma incorreta quando já estiver crescida. Nesse momento devem começar as correções de uma forma natural orientando a criança que ela precisa falar bem direitinho para aprender a ler e escrever.
Quando ainda bebês uma tendência natural dos adultos é falar de forma infantilizada, com a voz mais fina e pronunciando de maneira incorreta algumas palavras como papá ao invés de comida. Muitas pesquisas mostram que essa forma de diálogo fortalece os vínculos afetivos do bebê com os pais, mas quando a criança mesmo ainda pequenina começa a conviver em outros ambientes como em uma escolinha, esse tipo de linguagem já não existirá mais. Por isso, a importância de sempre falar de forma correta ajudará a desenvolver seu vocabulário e evitará possíveis constrangimentos e confusões, como o bullying na escola. Por incrível que possa parecer, crianças pequenas também dão risada de coleguinhas que falam errado.
É muito importante que as famílias quando precisarem conversar um assunto sério com a criança como regras, rotina, uma orientação ou repreensão, que a forma de falar seja com o tom de voz natural e tentando se expressar da maneira mais correta possível, e isso começa com um ano de idade, não estamos falando de crianças grandes. Infelizmente presencio muitas situações em que os pais acham bonitinha a criança falar errado e acabam por não incentivar a correção das palavras. Quando chegam ao primeiro ano e começam o processo de alfabetização, acabam se atrapalhando com as letras e demorando mais tempo para relacionar o som. Um exemplo é a palavra iogurte, muitas falam iergute, quando vão tentar escrever se confundem, trocam as letras e não aprendem a ler.
Dias atrás tive o privilégio de presenciar o pediatra da minha filha conversando com ela sobre a pandemia. Fiquei encantada ao ver a forma como eles falavam sem nenhuma infantilização na fala ou linguagem. Ela tem cinco anos. No diálogo sem alguma interferência, ambos conversaram sobre o medo, a morte, a máscara e a vacina, pareciam dois adultos. Aí percebi como falhamos ao pensar que nossos filhos não vão entender se conversarmos dessa forma com eles. Ouvi do médico que as crianças sabem muito bem tudo o que está acontecendo e que nós familiares, temos que orientá-las de forma clara sempre passando segurança de que se nos cuidarmos vamos vencer tudo isso.
Quando compreendemos que a fala se desenvolve falando em casa com perguntas e respostas, fazendo e respondendo também, ouvindo e contando histórias, tudo acontecerá de forma natural. Na escola deixa com as professoras, faz parte da aprendizagem o momento da oralidade. Quanto maior o momento de interação entre os adultos e as crianças, melhor será esse desenvolvimento. Então vamos deixar a voz fininha e a palavrinhas erradas só para brincar, e de preferência com os bebês.
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