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Alerta

Mortalidade infantil aumentou em Uruguaiana

Breno Esaki imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - A coordenadora da Vigilância Epidemiológica aponta que o pré-natal faltoso é uma das principais causas dos óbitos, o que revela falhas de acesso, informação ou acolhimento às gestantes

A mortalidade infantil é um dos indicadores mais sensíveis da qualidade de vida de uma população e, em Uruguaiana, o cenário requer atenção. Depois de uma queda no número de casos em 2021, o município voltou a registrar aumento nos números. 

Em 2024 foram registrados 17 óbitos infantis no município, 31% a mais do que no ano anterior, quando 13 crianças vieram a óbito. Neste ano de 2025, já são 11 registros. Ou seja, em três meses, Uruguaiana registrou 65% do total de óbitos infantis registrados no ano passado. 

De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, enfermeira Eduarda Oliveira, os números estão abaixo da média estadual de mortalidade infantil, mas ainda preocupante. 

Além da mortalidade infantil, o município acompanha os óbitos fetais e maternos. Em 2023, foram 11 óbitos fetais e três maternos. Nos anos anteriores, os óbitos maternos variaram de zero a 3, com um novo caso confirmado em 2025. 

Além dos 11 óbitos infantis (menores de 1 ano), em 2025 Uruguaiana registrou, até agora, quatro óbitos fetais (a partir da 22ª semana de gestação) – em 2020 foram 19; e um óbito materno confirmado. 

Segundo Oliveira, as mortes estão ligadas, em grande parte, ao pré-natal faltoso ou iniciado tardiamente, e à falta de adesão ao tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis. “Isso leva a diagnósticos tardios de má formação fetal, partos prematuros e complicações tanto no parto quanto no puerpério”, explica. 

Estatísticas 

Em nível estadual, dados da Secretaria da Saúde e do Departamento de Informação e Informática do SUS (DataSUS) mostram que o Rio Grande do Sul teve, em 2021, o terceiro menor coeficiente de mortalidade infantil do Brasil: 9,6 óbitos por mil nascidos vivos. 
Entre os casos, 74,35% ocorreram no período neonatal (até 28 dias) e 66,16% envolveram bebês com menos de 2,5 kg ao nascer. As principais causas foram afecções perinatais (58,57%), malformações congênitas (26,41%), além do aumento de mortes por sífilis congênita, bronquiolite e outras infecções. 

Maternas 

A mortalidade materna (RMM) também é acompanhada de perto. Em 2020, o estado teve 41,4 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos — dentro da faixa considerada média pela OMS. 

Em 2021, o número subiu para 92,5, com 62 dos 114 óbitos relacionados à COVID-19. A maioria dos casos envolveu mulheres entre 20 e 34 anos (68,5%), brancas (72,2%) e com três ou mais gestações (40,7%). As principais causas foram pré-eclâmpsia e hemorragias pós-parto. 

Ações 

O principal caminho de enfrentamento tem sido a integração entre a Secretaria Municipal de Saúde e os programas estaduais e federais. O município integra os programas Criança Feliz e Primeira Infância Melhor (PIM), que acompanham gestantes e crianças pequenas com visitas domiciliares. Gestantes de alto risco são atendidas no Ambulatório de Alto Risco e na Policlínica Infantil, com equipe especializada. 

Uruguaiana também conta com a Estratégia Saúde da Família, que realiza pré-natal, ações educativas e visitas domiciliares. Os profissionais da rede básica recebem capacitações constantes para detectar riscos precocemente e acompanhar a criança de forma integral. 

A cidade dispõe de uma rede de atenção primária preparada para atender gestantes, puérperas e crianças em todas as unidades de saúde da família. O trabalho é feito por equipes multidisciplinares, com enfermeiros, médicos, nutricionistas, dentistas e psicólogos, com foco tanto na gestante quanto no parceiro. A atuação é coordenada pelas profissionais Lilian Stumm e Alyne Folleto. 

Outro instrumento essencial é o Comitê Municipal de Investigação de Mortalidade Infantil, Materna e Fetal. Segundo Eduarda, trata-se de uma equipe interinstitucional e multiprofissional, com representantes da atenção básica, especializada, hospitalar e da vigilância epidemiológica. O comitê se reúne periodicamente para analisar os casos, apontar falhas e sugerir melhorias na rede de atenção. 

Triagem 

Entre os avanços recentes no estado, destaca-se a ampliação do teste do pezinho no SUS, que passou a incluir o rastreamento para toxoplasmose congênita. A doença é silenciosa ao nascer em cerca de 85% dos casos, mas pode causar sequelas graves se não for detectada e tratada cedo. 

Com base na Lei nº 14 154/2021, o novo protocolo permite diagnóstico precoce, com notificação e encaminhamento para atendimento especializado. 


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