Ação Policial
Operação da Polícia Federal combate tráfico internacional de animais

Divulgação/PF Uruguaiana. - Espécies como Bicudo, Tiê-Sangue e Coleiro foram retiradas de cativeiro ilegal e encaminhadas ao IBAMA.
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 6/5, uma operação de combate ao tráfico internacional de animais silvestres, com investigações conduzidas a partir de Uruguaiana. A ofensiva, batizada de Operação 100 Dias, teve como objetivo desarticular um esquema de captura e comércio ilegal de animais brasileiras para países vizinhos, como Uruguai e Argentina.
Os agentes da PF cumpriram onze mandados de busca em residências e propriedades localizadas no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
A ação resultou na apreensão de 25 animais silvestres, entre eles 18 aves e sete tartarugas, todos sem documentação de origem legal. Também foram recolhidas três armas de fogo sem registro, e cinco pessoas acabaram presas por crimes como maus-tratos, criação ilegal de animais silvestres e posse irregular de armamento.

De acordo com a delegada da PF Ana Gabriela Becker Gomes, não houve cumprimento de mandados em Uruguaiana, mas a coordenação geral da operação partiu da cidade. De acordo com ela, alguns investigados atuam no esquema há mais de uma década. Por enquanto, os valores financeiros movimentados não foram divulgados.
Entre os animais encontrados estão espécies de alto valor no mercado clandestino, como Trinca-Ferro, Curió, Bicudo, Coleiro, Canário, Cardial, Tiê-Sangue e Tartaruga Tigre-d’água. Após o resgate, os animais foram encaminhados aos Centros de Triagem de Fauna Silvestre (CETAS) mantidos pelo IBAMA e órgãos ambientais estaduais, onde passarão por avaliação e cuidados especializados.
A investigação
A investigação começou no ano de 2023 a partir de uma denúncia feita pela organização Freeland Brasil, que atua no enfrentamento ao tráfico de fauna. Segundo a entidade, um cidadão argentino estaria atravessando a fronteira para coletar ilegalmente aves, répteis e mamíferos brasileiros, que eram posteriormente vendidos no mercado ilegal da Argentina e do Uruguai.
Em muitos casos, os animais não sobreviviam à viagem, devido às condições precárias de transporte.
Riscos silvestres
Além do impacto direto na vida dos animais, o tráfico representa riscos sanitários e ambientais. As consequências vão desde a transmissão de doenças (zoonose) até a redução da diversidade genética e ameaça a extinção de espécies, comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas.
Outro fator preocupante, segundo os investigadores, é o crescimento da exposição de animais silvestres em redes sociais de pets, estimulando a demanda e a exploração comercial. A venda desses animais quase sempre vem acompanhada de outros crimes, como falsificação de documentos, corrupção, fraude, contrabando e formação de quadrilha.
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